março 19, 2013

A Baía de Sesimbra e a Alma Lusa

Artigo publicado no nº 11 da revista NOVA ÁGUIA-Revista de Cultura para o séc XXI e cujo tema é O Mar e a Lusofonia, "da minha língua vê-se o mar" :


Há locais onde as almas sensíveis reconhecem uma clara vibração que as eleva em asas fortes de beleza e harmonia. A zona do Parque Natural da Serra da Arrábida que se prolonga de Setúbal ao Cabo Espichel é, sem dúvida, uma delas.
Vindo da Serra, a baía de Sesimbra revela-se ao viajante como a contraparte feminina das escarpadas arribas sobre as águas da Arrábida. Útero de areia dourada e quente, ela acolhe a acariciadora ondulação vinda de longe num aconchego côncavo, onde o fogo do Sol e o brilho da Lua espelham sua eterna dança, promessa de harmoniosa união, ritmada pelo sopro do vento nas velas dos moinhos do pão que se avistam no alto do monte.
No centro em baixo junto ao mar, a Fortaleza e em cima o Castelo com altaneira Torre e Templo interno, qual eixo piramidal identitário e protetor, triangulado pelo restante da escarpa da Arrábida a nascente e pelo fértil Porto de Pesca a poente.
É por tudo isto que a Luz da baía é pura magia nos cambiantes de cores que mudam a cada instante do dia ou da noite e sempre nos encantam, remetendo a lusa alma contemplativa para essa amorosidade íntima da Alegria de simplesmente existir, de ser una com a Presença do Amor Vivo que pressente na criação e emanação de tamanha beleza.
Entrando a poente pelo mar dentro, segue-se a esta pausa que nutre e sossega o íntimo, o Cabo Espichel e seu peregrino Santuário Mariano distribuidor de Graças, lembrando que há mais caminho a descobrir na longura de um além envolto na bruma do que ainda não sabemos mas podemos pressentir em locais como este.

Sesimbra, 9h do dia 29 de Setembro de 2012, dia dos Arcanjos São Miguel, São Rafael e São Gabriel
Carminda H. Proença







Sem comentários: